D. QUIXOTE - Estreia

Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian - Lisboa
21 de Setembro de 2001.



Éramos todos nobres cavaleiros a atravessar mundos apanhados num sonho.
Estaremos loucos? Ou tentados pelo demónio? Pensaremos nós que dá pouco trabalho dar pontapés em livros? Acho que é por sentirmos que o teatro é a língua da alma e o lugar último da fúria. Ou, utilizando o que diz Sancho Pança, alterando-lhes o sentido, nus nascemos nus no achamos, nada perdemos tudo ganhamos, ou ainda, que não se move folha na árvore sem a vontade do vontade. O texto de Cervantes faz-nos mais do que tudo pensar no silêncio que nos envolve. Desejar que as coisas desta vida não durem sempre no mesmo estado. Que estamos todos sujeitos à vida, que hoje morremos e amanhã não. Faz-nos sentir que não há caminho, só silêncio. Que estamos contra este tempo, à espera de um tempo que virá.A fórmula da nossa felicidade: um Sim, um Não, uma linha recta, um objectivo. Porque o mesmo que ontem fomos somos hoje e amanhã não. Faz-nos pensar que da cavalaria andante se pode dizer o mesmo que se diz do amor, que todas as coisas iguala e que não se pode duvidar que é muito necessária ao mundo. O mundo está direito e é necessário entortá-lo.

Are we going crazy? Or being tempted by devil? Do we really believe that thrashing books is not a hard work? I think it is because we feel that the theatre is the language of the soul and the last stronghold of fury. Or, to misquote Sancho Panza, we are born naked and naked we find ourselves, we lose nothing and gain everything, and leaves from the tree do not move without the will of the wind. Cervantes’s text does more for us than any amount of thinking in the silence around us. Desiring that the things if this life will not always last in the same way…that we are all subject to life, that today we die and tomorrow we don’t. It makes us fell that there is no road, only silence...that we are against this time, waiting for a time that is coming.The formula for our happiness is: a Yes, a No, a straight line, an objective. Because we are the same today as what we were yesterday, and tomorrow we will be different. It makes us think that we could say the same thing about the knight errant as we say about love, that all thongs are equal and that there is no doubt it is very necessary in the world. The world is straight and we must bend it.



Artistic direction and Text author – João Garcia Miguel
Artistic consultancy and soundtrack creator– Alberto Lopes
Set design – Eric Costa
Costumes – Elsa Lima
Video – João Garcia Miguel / José Pelicano e Pelicano / Tiago Jorge
Light design– João Garcia Miguel e David Palma
Movement assistance – João Samões
Cast ( co-creators) – Ana Borralho / João Galante / João Garcia Miguel / Miguel Moreira / Mónica Samões / Rita Só / Teresa PrimaAssistance – Alexandra Aragon / Bárbara Odokienková / Rui Neto / Tiago Jorge
Production – Dora Lourenço, Mónica Samões

Executive production - Hugo Cortez
Press coordination – Luísa Ramos
Propaganda – José Pelicano e Pelicano
Set photography – Ricardo Nogueira Mendes
Law assistance – Maria João Sigalho
Technical direction – Eric Costa e David Palma

Construction and assembling – David Palma / Eric da Costa / José Pedro Sousa / André Almeida Decors – Eric da Costa / Abraão Tavares / José Pedro Sousa / Jorge Pereira
Make up – Jorge Bragada
Sound operation – Francisco Grilo
Machinery operator – José Pedro Sousa
Consultancy (Engineering) – José Rui Marcelino
Costumes assistant – Manuel Damião
Co-Production:
OLHO – ASSOCIAÇÃO TEATRAL, FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN – CENTRO DE ARTE MODERNA. ACARTE, TEATRO NACIONAL S. JOÃO / PO.N.T.I.


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