Não importa quais sejam os meios de transporte e quão próximas ou distantes as procedências, todos os artistas que participam de festivais internacionais de teatro se juntam em uma cidade para mostrar seus espetáculos, suas concepções estéticas particulares e o contexto cultural que as sustentam. As diacronias de múltiplas histórias, a do festival, a dos grupos participantes se imantam em uma sincronia que une o talento e a criatividade de distintas culturas e estéticas. Os grupos convidados, ávidos por aprender algo novo, se observam entre si, comparam seus modos de atuação, suas cenografias, tudo aquilo que rompe com qualquer convenção teatral. Da dinâmica interação desses dois encontros, surgirão férteis e recíprocas influências que redundarão em produtivas intertextualidades e novas propostas estéticas. Entre os muitos festivais internacionais que se celebram no mundo ibero-americanos, o FITEI se destaca como um dos mais antigos.
Como ocorre faz 29 anos, Porto em 2006 recebeu, uma vez mais, artistas de teatro provinientes de Portugal, Espanha, América Latina e Africa para dar vida ao FITEI. Em seu discurso de abertura Mário Moutinho, o novo Presidente do FITEI, convidou a todos os assistentes a "fazer do FITEI uma festa para todos". Porto é uma cidade litorânea e seus habitantes gozam da frescura do vento e do azul marinho. Como bons marinheiros sabem driblar os choques das ondas e a fúria dos ventos, que de vez em quando, golpeiam as costas atlânticas. Não é de se estranhar, pois, que apesar de todos os obstáculos burocráticos e ecônomicos que seus organizadores tiveram que driblar nos últimos anos, o FITEI frente, vento em popa, com a mesma vitalidade e consigna: reunir o melhor do teatro ibérico, mas não qualquer teatro, senão um teatro sempre humanista, que tem como meta a perfeição do homem, do homem como sonhador e (im)possíveis utopias, que talvez nunca consiga alcançar, mas que no caminho até elas, se faz melhor.
De 29 de maio ao 9 de junho de 2006, na 29ª edição do FITEI, participaram 14 grupos, uns com imponentes coreografias e numerosos atores, como As mil e uma noites do Comediants de Barcelona, outros mais modestos, minimalista, grotowskianos, mas igualmente transbordantes de criatividade, como foi o caso de Peripécia Teatro, de Macedo do Cavaleiros-Portugal, que em sua paródia Ibérica a Louca História de uma Península, conseguiu uma ovação tão entusiasmada como a que recebeu o espetáculo do Comediants.
Revisitação de textos clássicos ou canônicos
(...)Também se contou com outros dois textos canônicos de dramaturgos do século XX, Zoo Story de Edward Albee encenado pelo Centro Dramático de Viana/Teatro Noroeste de Viana de Castelo e A Entrega, da Companhia Teatro Sintra, cujo texto, inspirado na biografia e obras de August Strindberg foi escrito e encenado por João Garcia Miguel.